Por Renato Zerbinato:
No último final de semana o Greenpeace Brasil realizou, nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro e Recife, uma grande atividade de alerta, denúncia e sensibilização sobre o caso do vazamento de petróleo no Golfo do México “promovido” pela BP.
Tive a oportunidade de fazer parte da ação em Recife, na Praia de Boa Viagem, onde reunimos 21 voluntários em torno de um mesmo objetivo: Alertar a população sobre os riscos que assumimos quando optamos pela extração desnecessária de petróleo e principalmente os riscos ambientais oferecidos pela empreitada alucinada do Governo Federal em torno do Pré-Sal, deixando claro também sobre as propostas do Greenpeace em torno da alteração da fonte energética utilizada hoje.
Em poucos minutos, 10 voluntários, trajando roupa de banho, já estavam completamente cobertos com uma mistura atóxica de simulava petróleo, e um banner com a mensagem: “BP HOJE, PRÉ-SAL AMANHÔ. A proposta da ação era lúdica e simples, mostrar às pessoas que infelizmente, num futuro não muito distante, as praias brasileiras poderão de fato ser invadidas pelo petróleo que, em nome de interesses econômicos e políticos, sofre uma exploração irresponsável, trazendo danos irreparáveis ao planeta e pondo em risco a existência de diversas espécies da flora e da fauna marinha.
Enquanto os “banhistas” ativistas exibiam seus corpos cobertos por “petróleo” outros 11 voluntários (incluindo eu) faziam o trabalho de esclarecimento e sensibilização.
A ação teve enorme receptividade por parte de todos que iam chegando à praia, muitas pessoas vinham conversar conosco e felizmente, deu para sentir que a maioria das pessoas não acha seguro um projeto tão irresponsável quanto o Pré-sal.
O que presenciamos por lá, foi uma enorme insatisfação e sentimento de impotência por parte da população que, preocupada com as conseqüências do maior acidente ambiental de toda a história humana, vinha conversar e pedir mais esclarecimentos sobre a questão e qual a relação do acidente no Golfo do México com exploração do Pré-Sal aqui no Brasil.
Pessoalmente, encontrei uma única dificuldade durante a atividade, pelo menos 4 pessoas me questionaram sobre a construção do porto de SUAPE, dizendo que estavam acabando com o mangue e a vegetação nativa, infelizmente não estava a par do assunto, mas pude contar com a ajuda de alguns dos voluntas locais que estão acompanhando esta questão mais de perto.
Até nisso senti a semelhança entre os grupos, assim como a população recifense tem sofrido com o porto de SUAPE, nós aqui em Brasília sofremos com a devastação desenfreada do Cerrado, tanto em um caso quanto outro, por causa do interesse econômico e político o homem destrói a natureza, alterando o microclima e promovendo a extinção de centenas de espécies endêmicas.
Passamos a manhã inteira envolvidos com esta atividade e ao final, durante nossa conversa de avaliação, o sentimento unanime do grupo: Alegria e satisfação em ver que o esforço não foi em vão e que, mais uma vez, conseguimos atingir nosso objetivo.