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24 de abril de 2010

Energia sim, Belo Monte não


Um monte de estrume, encomendado especialmente pelo Greenpeace para o governo federal, é a melhor representação do que esse projeto simboliza para o país

Pouco antes de o Sol despontar na capital federal na manhã desta terça-feira, ativistas do Greenpeace despejaram três toneladas de esterco na frente da entrada principal do prédio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), onde o governo pretendia leiloar a concessão para construção e operação da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Sobre o morro formado de estrume, os ativistas colocaram duas placas, com as mensagens: “Belo Monte de... problemas” e outra, mais explícita: “Belo Monte de merda”.
O protesto, é verdade, assumiu contornos escatológicos. Mas era a única maneira de resumir, em uma imagem, a herança maldita que o governo Lula deixa para o país insistindo nessa obra. Ontem, a Justiça Federal concedeu uma liminar que suspendeu novamente o leilão, a pedido do Ministério Público Federal. Mas o governo tentou reverter a decisão e conseguiu. Ao meio dia, Tribunal Regional Federal cassou a liminar da Justiça Federal e o leilão deverá ser realizado ainda hoje.
Se sair do papel, Belo Monte será ao mesmo tempo um disparate econômico, um crime social e ambiental e uma mancha na história do Brasil. O projeto ecoa um modelo de desenvolvimento velho, que o país não deve nem precisa investir, tendo em vista que é absolutamente possível gerar a mesma quantidade de energia com impactos infinitamente menores.
“Belo Monte é o exemplo do que há de mais atrasado no Brasil, é replicar o antigo molde energético que beneficia poucos à custa de uma destruição socioambiental imensa”, diz Sergio Leitão, diretor de Campanhas do Greenpeace. “Defender Belo Monte significa olhar o desenvolvimento do país pelo espelho retrovisor. O Brasil de hoje e do futuro podem seguir um caminho que una segurança energética, crescimento econômico e respeito ao ambiente e às pessoas.”
O custo inicial previsto pelo governo para a obra, R$ 7 bilhões (valor esse já revisado – para cima, obviamente – agora em R$ 19 bilhões), seria suficiente para formar um parque eólico equivalente a Itaipu. Ou seja, em vez de o BNDES bancar 80% desse projeto, como promete fazer, poderia aplicar os recursos dos brasileiros de maneira muito mais inteligente.

18 de abril de 2010

Ativistas do Greenpeace são detidos após protesto.


Integrantes da organização internacional Greenpeace foram detidos nesta quinta-feira (15) por policiais militares do DF após protesto fantasiado em frente ao Palácio do Itamaraty.

No local, Lula recebe chefes de Estado de China, Índia e África do Sul. A presença do presidente russo está prevista para o final da tarde.

Os manifestantes cobram uma atuação mais decisiva desses países na tentativa de convencer Estados Unidos e Europa a rever suas metas de redução nas emissão de gases-estufa.

Mesmo com a avenida fechada para o trânsito de veículos e toda cercada por PMs, seis integrantes verdes driblaram a segurança oficial e se aproximaram do palácio.

Cada um usava uma fantasia: turbina eólica, árvore, árvore cortada, barril de petróleo, chaminé e painel solar.

A acão estava presvista para acontece na sexta-feira(16/04), devido aos acontecimentos na china, o Presidente chinês cancelou a agenda de sexta para voltar e ajudar seu país.

"Viemos desafiar esses países a evitar que sejam catastróficas as consequências do fracasso de Copenhague", disse o coordenador do Greenpeace João Talocchi, numa referência à conferência da ONU sobre o clima, no final do ano passado.

"O sol e o vento têm que ser a base para a energia", disse o ambientalista

Greenpeace pede justiça no Japão



Greenpeace protesta em frente à embaixada do Japão em favor de Junichi Sato e Toru Suzuki, ativistas que sofrem julgamento abusivo por denunciarem esquema de contrabando e venda ilegal de carne de baleia. Se condenados, os dois, conhecidos internacionalmente como ‘Tokyo Two’, podem pegar até dez anos de cadeia. As duas últimas sessões do processo foram marcadas por mentiras e incongruências nos depoimentos.

Kumi Naidoo, atual diretor executivo do Greenpeace, esteve presente no protesto, que levou para frente da casa oficial uma baleia acorrentada. Ele entregou uma carta à equipe da embaixada com pedido de justiça. Em maio de 2008, os dois ativistas japoneses investigaram esquema de corrupção e contrabando envolvendo o programa baleeiro japonês. Em desrespeito à Moratória da Caça Comercial de Baleias, estipulada internacionalmente em 1982, o Japão segue caçando sob o argumento de pesquisa científica e pratica o comércio ilegal da carne.

Além de usar dinheiro público para financiar a matança no Santuário de Baleias do Oceano Antártico, o programa envolvia uma rede ilegal de venda de sua carne. Como prova, Junichi e Toru interceptaram uma caixa do produto de um navio baleeiro e entregaram ao Ministério Público japonês. A denúncia foi distorcida e rendeu-lhes um processo por roubo e invasão de propriedade.

No mesmo dia em que foram presos – tendo permanecido 23 dias na cadeia sem direito a julgamento – o Ministério Público arquivou a investigação de contrabando feita pelo Greenpeace. Desde então, o Japão é palco de um processo recheado de contradições e criticado por organizações como a Anistia Internacional e o Centro de Direitos Humanos da ONU.

O julgamento, que teve início dia 15 de fevereiro, vem sendo marcado por depoimentos desencontrados. A empresa dona da frota de navios, Kyodo Senpaku, de onde a carga foi interceptada, chegou a afirmar que a carne de baleia não era distribuída pelos funcionários do navio. Em uma segunda versão, disse que apenas as partes ‘menos nobres’ eram presenteadas. Na sessão de ontem, testemunha assumiu que a tripulação recebia carne de baleias bebês, mais macias e com alto valor de venda no mercado.

Hoje, no terceiro dia de julgamento, novas mentiras no ventilador. Funcionário aposentado do navio que colaborou com Junichi e Toru na investigação contou ao júri saber que carne de baleia era entregue como ‘souvenir’ a parlamentares japoneses e oficiais da Agência de Pesca do Governo. E o que é pior: os próprios membros da Comissão Internacional da Baleia (CIB) levavam para casa grandes quantidades de valiosos cortes da cauda do animal, alegando fins científicos.

A testemunha, que prestou depoimento sem identificar nome e rosto temendo represálias, afirmou também ter sido coagido pela polícia de Tóquio a negar ter presenciado, ou participado, de contrabando dentro do navio.

“Logo no primeiro dia, ficou claro que o julgamento é uma tentativa de manter a mentira em torno da caça ilegal de baleia praticada pela indústria pesqueira japonesa”, diz Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de oceanos do Greenpeace. As próximas sessões acontecem em maio e o veredicto está previsto para junho.

Desde a prisão de Junichi e Toru, em junho de 2008, mais de 250 mil pessoas no mundo já assinaram uma petição online cobrando justiça para os ‘Tokyo Two’.